quinta-feira, 22 de setembro de 2011

"Detesto Rock in Rio"

O Rock in Rio começa amanhã. Os cariocas estão eufóricos com a chegada da espetacular semana do rock. Mas essa imagem fantasiosa desagrada Joselina Pachá, que mora na Estrada dos Mananciais e faz trabalho voluntário na Cidade de Deus. "Eu não gosto mesmo do Rock in Rio. Estamos com vários problemas, precisando de muitas coisas e ficam gastando dinheiro com rock?", indigna-se Jô.

Joselina dispara as críticas. "Dizem que vai gerar mais emprego, mas isso é só temporariamente. Estão dando emprego como se fosse um grande benefício, mas ninguém fala dos danos ao meio ambiente. Por conta das obras do Rock in Rio, parte da lagoa em frente ao Rio Centro foi aterrada. Depois fica só destruição. Não tive coragem de mandar nenhum jovem para trabalhar lá. Imagina o transtorno para chegar e sair? E o barulho? Os moradores da redondeza que têm carro precisarão se cadastrar para terem acesso ao local em que vivem. Vê se pode?! O trânsito está caótico. E os investimentos na educação e na saúde? Rock in Rio é desperdício de dinheiro público."

Dona Jô é agente da Pastoral do Menor, líder da Pastoral da Criança e do Banco da Providência. Ela é uma entusiasmada multiplicadora de cidadania: revindica os direitos e melhores condições de vida para a população. Ela costuma, por exemplo, averiguar como estão os atendimentos no postos médicos e nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Na UPA da Cidade de Deus constatou a falta de médicos. Não tem oftamologista, ginecologista, ortopedista, nada. Só um clínico geral! Sem contar que os pacientes ficam em torno de três hora na espera para serem atendidos.

No posto de saúde do Tanque, Joselina conheceu uma bebê que nasceu em maio e só vai ao médico mês sim, mês não. Nem exame do pézinho a criança fez, por falta do kit para o exame. Mandam a mãe para o Centro da cidade para fazer o teste.

Jô estimula às pessoas a revindicar, denuciar. "Quem sabe que lá tem exame de graça? Ninguém! A informação não chega, por isso temos que ser multiplicadores de cidadania", conta.

Joselina percebe que ser uma agente e líder pastoral faz diferença na hora de ter os direitos garantidos, sobretudo com rapidez e eficácia. Ela lembra das vezes que ao mostrar a camisa da Pastoral, recebeu atendimento médico, quando, a princípio não o teria. "Será possível que tenho que ir a todo posto de sáude para as crianças terem o acesso ao atendimento quem têm direito?", questiona Jô.

Nenhum comentário: